terça-feira, 13 de setembro de 2011

Foto de grupo

Tirada na véspera da partida, à porta da UNIS em Longyearbyen. Os 7 participantes na campanha Svalbard 2011 são, da esquerda para a direita: Marc Oliva, Marco Jorge, Maura Lousada, José Saraiva, Gonçalo Vieira, Pedro Pina e Mário Neves.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Campanha ANAPOLIS na imprensa local

Uma pequena reportagem sobre a nossa campanha foi publicada na edição de 06 de Setembro do Ice People, auto-designado o jornal alternativo mais setentrional do mundo!

(clicar na imagem para abrir o respectivo ficheiro pdf)

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Regresso a Portugal

Este último dia da nossa estadia em Svalbard foi muito curtinho, pois tínhamos avião às 04:05 da matina. A noite já dava um ar da sua graça, e por um par de horas mostrou-nos do que é capaz de fazer durante os longos invernos árticos. Mas por enquanto sem ainda ficar totalmente escura.


Depois do jantar fomos para a UNIS rearrumar as nossas malas para, através de uma divisão salomónica entre todos, incluir o equipamento que não precisava de ser despachado à parte. Vínhamos bem carregadinhos, prova de que por vezes o saber se faz à custa de algum peso e de ocupar espaço.


O pequeno aeroporto de Longyearbyen fica a uns 5 minutos do centro da cidade. Fomos dos primeiros a chegar, praticamente só estavam os funcionários do aeroporto, da segurança e companhia aérea.


Tínhamos que fazer 3 voos até chegar a Portugal. Primeiro até Tromso, depois até Oslo e finalmente até Lisboa.

O dia já raiava bem quando o avião descolou de Longyearbyen. Que está lá em baixo na foto, assim como Adventdalen, mais ao fundo.


Quando chegámos a Oslo, verificámos que o voo da TAP até Lisboa tinha sido cancelado. Arranjaram-nos um percurso alternativo, via Copenhaga. Acabámos assim por fazer mais um voo, 4 no total. Bem moídinhos, lá chegámos a Lisboa por volta das seis da tarde.

A campanha de campo para recolha intensiva de dados terminou aqui. A sua organização, processamento e interpretação será o nosso trabalho ao longo dos próximos largos meses. Para os aspectos mais científicos podem consultar a página do projecto ANAPOLIS.

domingo, 4 de setembro de 2011

Último dia no campo. Pequeno passeio final.

Terminar tudo durante a manhã eram os nossos objectivos. A nossa confiança de que o conseguiríamos fazer de manhã era tal que nem tínhamos preparado umas buchas para levar para o campo...


No meio do campo acabámos por encontrar a luva que o Marco tinha perdido na véspera.


O sol apareceu a espaços, só nalguns espaços também como se pode ver lá ao fundo nas vertentes da margem direita do rio, e o vento esteve particularmente incómodo. Só lá para as 4 da tarde é que demos tudo por encerrado.


A carrinha testemunhava bem as nossas saídas campestres. Acreditem que a chapa de matrícula é amarela.

A meio da tarde, não nos restavam muitas alternativas para comer em Longyearbyen. Mas também aqui há sempre uma solução fora-de-horas, é um pequeno bar-café, decorado com imagens do Rio de Janeiro, e cuja especialidade é kebab!


Enquanto esperávamos pela comida, espreitámos alguns jornais noruegueses. Na parte da bola, conseguimos perceber que falavam também da nossa selecção e do CR no jogo com Chipre. Se diziam bem ou mal, é que não deu para saber.


Em seguida, ainda deu para dar uma pequena volta pela parte da cidade que ficava fora do nosso percurso diário. Em frente, naquela fiada de casas, está situada a baixa de Longyearbyen.


E claro, descobrir alguns dos seus monumentos, como este memorial aos trabalhadores de uma companhia mineira mortos durante a 2a guerra mundial,


e encontrar também este belo relógio de sol.


Ainda houve tempo para ir espreitar o vale de Bjorndalen, literalmente o vale do urso, situado logo a seguir ao aeroporto, e deliciarmo-nos com estas belíssimas paisagens de Svalbard. Como se não bastasse, vimos ainda, relativamente perto, 2 raposas do ártico!


Tínhamos de voltar a Longyearbyen, pois hoje era dia de jantar fora, onde uma mesa reservada no Kroa, castiço restaurante de Longyearbyen, esperava por nós.

sábado, 3 de setembro de 2011

Sétimo e penúltimo dia da campanha

A rotina matinal antes sair para o campo manteve-se inalterada. Preparação do almoço, tomar o pequeno-almoço e saída da guest house às 08:30, passagem pela UNIS para recolher as espingardas e o equipamento de campo. Os planos para hoje incluíam acabar a topografia e a validação dos contornos dos polígonos e avançar tanto quanto possível na geomorfologia.



Metemo-nos depois à estrada, estava de chuva, mas nem sequer um sopro de vento se fazia sentir ou ouvir.


A água era um autêntico espelho. Boreal, digo eu.


Ficou quase tudo terminado, ficaram pequenas coisas por acabar, são sempre os rabos que ficam por esfolar, mas que não se antevêem complicadas de fazer amanhã de manhã, domingo, são mesmo só as últimas.


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Sexto dia no campo e também na UNIS

Hoje de manhã, metade da equipa foi para Adventdalen e a outra ficou na universidade. Como de costume, fomos na nossa Hiace azul até ao site de trabalho. São cerca de 9 km desde a porta da UNIS e depois mais uns 800 e tal metros, mas agora a pé, desde o local onde a deixamos parada até ao "ponto de encontro" no campo lá em baixo perto da margem do rio. Quando chegámos perto do tripé em que se instala a base do GPS, sou avisado que tinha deixado as luzes da carrinha acesas... o avisador sonoro não funcionou, ou não existe mesmo... não havia nada a fazer, tive que voltar para trás... sempre é melhor do que no fim da tarde ter que a empurrar pela estrada fora, que ainda por cima é praticamente plana.


Quem ficou em terra... quero dizer, quem ficou em Longyearbyen, continuou a processar os dados colhidos no campo, que é sobretudo um trabalho de computador, e também a secar as amostras de solos num dos laboratórios da UNIS.


É uma tarefa simples de realizar, onde não é ainda feita nenhuma análise, a não ser sabermos o seu conteúdo em água, mas que nos tornará as malas mais leves quando regressarmos a Portugal.


Da parte da tarde, quem estava em terra, juntou-se a quem andava pelo vale do advento. Foi feito novo corte geológico, agora na margem esquerda do rio.


Foi um dia um bocado cansativo. Apesar de a temperatura ter começado a subir, foi para aí até aos 5-6ºC, esteve quase sempre um ventinho nada agradável. A chuva apareceu também pela primeira vez, mas apesar de cair durante praticamente todo o dia, foi sempre em muito pouca quantidade e chateou sobretudo quem tinha de tomar notas com papel e lápis. Algum cansaço acumulado ajudou também a que se adormecesse no caminho até chegarmos a "casa".


Mas fomos todos recompensados, tivémos o melhor jantar de toda a semana, um estufado de rena (foi-nos vendido como tal...), cozinhado pela Maura, com entradas de salmão fumado e sobremesa de brownies com gelado.


Depois de jantar fomos ver o Chipre-Portugal na RTP Internacional. Apesar da pequena dimensão do notebook usado, deu bem para seguir o jogo e ver os 4 golos que a nossa selecção marcou.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Quinto dia no campo

Um dos factores que controlam a formação das redes de polígonos são os solos e os sedimentos onde os polígonos estão distribuídos. Assim, um dos objectivos do projecto ANAPOLIS consiste no estudo da sedimentologia das áreas com poligonos.

No vale de Adventdalen realizámos dezenas de perfis longitudinais e transversais para caracterizar os sedimentos ali presentes. Os perfis foram feitos com um trado e atingem uma altura de 40 a 120 cm, em função da profundidade do permafrost. Nos margens do rio Advent fizemos cortes até 2 m de profundidade para analisar melhor a estrutura sedimentar.

Localização dos transectos e perfis na principal área de estudo em Adventdalen.


As descrições sedimentológicas de campo já permitem detectar variações significativas das características dos solos nas diferentes unidades geomorfológicas. Em função da estratigrafia dos perfis, recolhemos amostras para posterior análise em laboratório.

Na imagem vemos um corte escavado na margem direito do rio Advent, onde podemos diferenciar distintas camadas de sedimentos. O permafrost neste sector situa-se a 120 cm protegido por um nível de turfa de quase 40 cm de espessura. A seguir encontrámos uma alternância de horizontes orgânicos e depósitos eólicos, desenvolvidos antes da formação dum horizonte muito orgânico. A seguir dispõe-se um nível de argilas cinzentas e uma camada de limos com muitos óxidos de ferro, indicativo da presença abundante de água. Os 40 cm mais superficiais correspondem a uma sequência de origem eólica com limos e areias intercaladas. A interpretação deste corte sugere um período possivelmente mais quente durante o Holocénico que favoreceu a formação de turfa; a seguir, uma mudança das condições ambientais (i.e. climáticas) possibilitou o início da acumulação eólica que alternou com períodos de formação de solos orgânicos. Provavelmente, a partir deste momento começaram a formar-se as redes de polígonos. Depois disso as condiçoes ambientais neste local foram-se tornando progressivamente mais favoráveis para a acumulação de sedimentos de origem eólica. Neste corte retirámos 37 amostras que vão ser analisadas para conhecer melhor as condições ambientais (e climáticas) mais propícias para o desenvolvimento dos polígonos.

Exemplo de corte para a análise sedimentológica no vale de Adventdalen.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Passagem para a outra margem

Hoje atravessámos o rio Advent até à margem direita. Escolhemos o dia de hoje por ser o que, segundo as previsões meteorológicas, iria ter uma das temperaturas mais baixas da semana (0-1ºC) e por não ir chover ou nevar. Assim a quantidade de água no rio, que é relativamente largo, com vários canais mas pouco profundo, seria menor e permitiria um atravessamento mais rápido e seguro. E assim foi, fazendos alguns "esses" para procurar os sítios menos profundos, tudo decorreu sem problemas.


Do lado de lá, tínhamos como plano de trabalho principal colher amostras do solo em variados pontos e obter informação de referência precisa em determinados pontos sobre as classes de ocupação da superfície, ou seja, saber se era vegetação e de que tipo, solo ou rocha, água, etc. para depois posteriormente nos ajudar a validar a classificação de toda esta região nas imagens de detecção remota.


Tentámos também fazer o reconhecimento de uma rede poligonal mais para jusante. Sabíamos que era uma zona que estava com alguma água, onde existia vegetação ficavam as nossas pegadas...


... mas nunca pensámos que estivesse tão empapada...


Para além de o sol se ter dignado a aparecer pela primeira vez desde que cá estamos, também vimos, um pouco ao longe, uma boa meia dúzia de renas.


Em conclusão, foi um dia longo e cheio, em que percorremos mais de uma boa meia dúzia de quilómetros, e em que a quantidade e qualidade de dados recolhidos foi significativa.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Terceiro dia no campo

Hoje manteve-se a rotina campestre dos dias anteriores, não houve nada de muito diferente nas nossas actividades. Pode-se bem dizer "no news is good news", conseguiu-se mais uma boa quantidade de dados.

O Zé Saraiva andou literalmente a perseguir os contornos dos polígonos.



No campo é mais importante identificar os de espessura mais fina, de formação mais recente, e que nas fotos aéreas são mais difíceis de reconhecer. Mesmo aqui essa identificação é por vezes complicada, algumas arestas terminam a “meio caminho” entre dois vértices ou a vegetação mascara acentuadamente a depressão do terreno. Mas é uma tarefa fundamental para validar e complementar o que se detecta nas imagens de detecção remota e que se prolongará certamente até ao final da campanha para no fim ficarmos com uma rede poligonal bastante completa e correctamente identificada.



Eu hoje andei a levantar pontos GPS, foi também um excelente exercício físico. Quase sem se dar por isso, fazem-se uns bons quilómetros. Começa-se bem agasalhado, depois a luvas deixam de ser precisas, abre-se ou tira-se um dos casacos. O gorro é que nunca tiro da cabeça, a mim faz-me sempre falta.



O Marc e o Mário lá continuaram na amostragem dos solos ao longo dos trajectos previamente definidos. É uma tarefa que requer simultaneamente algum esforço físico para perfurar o solo com um trado até profundidades que ultrapassam 1 m, mas também alguma perícia para recolher a amostra o mais intacta possível.



O Gonçalo, o Marco e a Maura prosseguiram as suas tarefas de construção de informação de referência (ground-truth) e de levantamento das formas superficiais do terreno.


O Maarten continuou silenciosamente a andar atrás de nós com todo o seu equipamento de filmar. Apesar do seu mais de um metro e noventa de altura, temos conseguido quase não dar pela sua presença.



No fim da tarde, no regresso à cidade, alguns de nós foram ainda para UNIS para, depois de devolvermos as espingardas e os flares, analisar alguns dos dados recolhidos e preparar algumas actividades para o dia seguinte. Outros foram ainda ao supermercado para depois preparem o jantar. Estabelecemos uma escala quando aqui chegámos, em cada dia há 2 de nós que tratam de ir às compras e cozinhar para todo o grupo. E claro, de lavar a loiça e arrumar a cozinha.

O tempo hoje esteve quase sempre esteve encoberto, muito pouco vento e por isso a temperatura de 2-3ºC foi, pode-se dizer, um pouco amena.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Segundo dia no campo

Este segundo dia no campo acabou por ser o primeiro dia em que estivémos todo o dia em Adventdalen. Só não foi de sol a sol porque, mais uma vez, o nosso astro rei não se dignou a aparecer. No entanto, pode-se dizer que as temperaturas de 3-4ºC eram amenas, porque o vento praticamente não existiu.


Organizámo-nos em quatro equipas para executar quatro tarefas: levantamento de pontos com o GPS diferencial numa malha regular para depois construirmos o modelo digital de terreno, recolha de amostras de solo em vários locais para estudar a sua variabilidade espacial, verificação de todos os contornos do polígonos, ou seja, das cunhas de gelo dos polígonos (ou mais correctamente, da expressão das cunhas de gelo à superfície) e no levantamento geomorfológico sistemático para elaboração de mapa com elevado detalhe.



Quanto à presença de renas, tão comuns neste vale durante a nossa campanha de Junho de 2010, nem um vislumbre. Talvez porque neste período do ano a sua comida seja melhor ou exista em mais quantidade noutras paragens aqui da ilha de Spitsbergen.

domingo, 28 de agosto de 2011

Primeiro dia no campo

O primeiro dia da campanha iniciou-se na UNIS, The University Centre in Svalbard, com a instalação da equipa na sala de trabalho destinada à equipa do projecto, seguida de uma pequena reunião para relembrar as actividades que cada uma dos grupos de trabalho irá realizar e na verificação do equipamento a levar para o campo.

Devidamente equipados e agasalhados lá fomos para rua, começando por fazer um breve reconhecimento de terrenos com solos ordenados.


Depois fomos para Adventdalen, o vale glaciar onde estão as nossas velhas amigas redes poligonais (bem, não são assim de tão longa data, pois só as conhecemos o ano passado), e que é o nosso principal sítio de trabalho (vale mais ao fundo na foto).


Todo o trabalho deste dia consistiu em tarefas preparatórias, como reidentificar os 121 polígonos da campanha de 2010 com umas bandeirinhas amarelas numeradas, verificar se a estaca que marcava a posição de localização do nosso GPS se encontrava no mesmo sítio (encontrava pois!), delinear os perfis para recolha das amostras de solo e medir a espessura da camada activa (nalguns pontos andava à volta de 1 metro), avaliar o estado da vegetação, entre várias outras tarefas.


Foi um bom aquecimento para os próximos dias. A temperatura já começou a baixar, andou à volta dos 3-4ºC, mas sem vento não se estava mal. O sol é que se esquivou a encontrar-se connosco, nunca se deixou ver directamente, pois andou sempre escondido atrás das nuvens.


sábado, 27 de agosto de 2011

Partidas e chegadas

Eu, o Gonçalo Vieira, o José Saraiva, o Mário Neves e a Maura Lousada, cinco dos sete membros da equipa da campanha deste ano, saímos de manhãzinha do aeroporto da Portela em Lisboa. Fizémos escalas em Oslo e em Tromso antes de aterrarmos em Longyearbyen, a pequena cidade que é a "capital" do arquipélago de Svalbard. Tem mil e tal habitantes, e é a cidade mais setentrional, ou a norte, cá da nossa Terra (78º13' de latitude Norte).


Em Longyearbyen já estavam o Marco Jorge e o Marc Oliva, os outros 2 membros da equipa do projecto, e também o Maarten Roos, um cientista realizador que está a preparar um documentário sobre o projecto ANAPOLIS e que nos irá discretamente seguir durante a nossa estadia. Os três tinham chegado a Svalbard 2 dias antes, a 25, para resolverem e adiantarem importantes aspectos logístiscos relacionados com o nosso trabalho e fazerem também um curso de tiro, obrigatório para quem anda no campo em Svalbard, por causa da presença do urso polar.


O céu estava encoberto e a temperatura do ar rondava os 6ºC. A diferença horária é de mais uma hora em relação Portugal e o dia ainda tem oficialmente a duração de 24 horas.